sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Voz que não fala.


Eu sou a criança.

Ando pelo mundo bastante incompreendida e também muito pouco compreendendo do que se passa em meu derredor. 
Muitos pais rejeitaram-me obstinadamente sob os mais variados pretextos. 
Evitam-me qual se eu lhes fosse um flagelo sobre a Terra. 
Chegam a temer-me ansiosamente. 
Outros, privados da minha presença, lamentam-se e deploram a minha falta, qual a flor buliçosa ausente do jardim.
 Muitos exploram a minha inocência, abusam de minha fragilidade e dilaceram as minhas esperanças.
Outros me abandonam, quando mais necessito de carinho e de apoio.
Há, felizmente, os nobres corações que se preocupam comigo. 
Que choram com o meu desamparo e choram a minha fome, estendendo-me os braços fraternais através da bolsa generosa. 
Jesus, eu Te peço, Senhor: 
Multiplicai esses corações que pulsam junto a mim, essas mãos que me afagam, essas mentes que me educam e retificam. 
Eu sou a criança. 
Falo a voz de todas as línguas e de todos os quadrantes do mundo. Choro o pranto dos órfãos, choro a tristeza dos viciados e suplico a misericórdia dos justos e a bondade dos felizes. 
Eu sou a criança. 
Minha voz fala em silêncio, dirigindo-se a todos os corações que já possam compreender. 

Meimei

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