sábado, 12 de novembro de 2011

Umbanda e Kardec



Texto retirado do blog do meu amigo e colaborador Denis Sant'  Ana

A Linha Branca de Umbanda e Demanda está perfeitamente enqua­drada na doutrina de Allan Kardec e nos
 
livros do grande codi­ficador, nada se encontra susceptível de condená-la.
 
Leal de Souza, intelectual e escritor de origem espírita “kardecista”, tornou-se médium orientado por Zélio de
 
Moraes e, também, o primeiro autor umbandista, com o título O Espiritismo, a Magia e as Sete Linhas de
 
Umbanda, 1933, onde encontramos um capítulo inteiro (capitulo 31) onde defende a origem espírita da
 
Umbanda.
 
Coloco abaixo apenas algumas passagens deste texto para apreciação do leitor, e faço algumas
 
considerações ao final:
 

O Kardecismo e a Linha Branca de Umbanda
 
Por Leal de Souza
 
A Linha Branca de Umbanda e Demanda está perfeitamente enqua­drada na doutrina de Allan Kardec e nos
 
livros do grande codi­ficador, nada se encontra susceptível de condená-la.
 
Cotejemos com os seus escritos os princípios da Linha Branca de Um­banda, por nós expostos no "Diário de
 
Notícias", edição de 27 de novembro de 1932...
 
(...) Os protetores da Linha Branca de Umbanda se apresentam com o nome de caboclos e pretos, porém,
 
freqüentemente, não foram nem ca­boclos nem pretos.
 
 
Allan Kardec, a página 215 de O Livro dos Espíritos, ensina:
 
"Fazeis questão de nomes: eles (os protetores) tomam um, que vos inspire confiança".
 
Mas como poderemos, sem o perigo de sermos mistificadores, confiar em entidades que se apresentam com
 
os nomes supostos? Allan Kardec, a página 449 de O Livro dos Espíritos, esclarece:
 
"Julgai, pois, dos Espíritos, pela natureza de seus ensinos... Julgai-os pelo conjunto do que vos dizem; vede
 
se há encadeamento lógico em suas idéias; se nestas nada revela ignorân­cia, orgulho ou malevolência; em
 
suma,se suas palavras trazem todo o cunho de sabedoria que a verdadeira superio­ridade manifesta. Se o
 
vosso mundo fosse inacessível ao erro, seria perfeito, e longe disso se acha ele".
 
Ora, esses espíritos de caboclos ou pretos, e os que como tais se apresen­tam, pela tradição de nossa raça e
 
pelas afinidades de nosso povo, são humildes e bons, e pregam, invariavel­mente, sem solução de
 
continuidade, a doutrina resumida nos dez manda­mentos e ampliada por Jesus...
 
(...) O objetivo da Linha Branca é a prática da caridade e Allan Kardec, em O Evangelho Segundo o Espiritismo
 
pro­clama repetidamente que "fora da cari­dade não há salvação".
 
A Linha Branca, pela ação dos espí­ritos que a constituem, prepara um am­biente favorável a operosidade de
 
seus adeptos. Será isso contrário aos pre­ceitos de Allan Kardec?
 
Não, pois ve­mos, nos períodos acima transcritos, que os espíritos familiares, com ordem ou permissão dos
 
Espíritos Protetores, tratam até de particularidades da vida íntima.
 
No mesmo livro, a página 221-222, lê-se:
 
"525. Exercem os espíritos alguma influência nos acontecimentos da vida?".
 
"Certamente, pois que te aconse­lham."
 
"- Exercem essa influência, por outra forma que não apenas pelos pen­samentos que sugerem, isto é, tem
 
ação direta sobre o cumprimento das coisas?".
 
"Sim, mas nunca atuam fora das leis da natureza".
 
Assim, os caboclos e pretos da Linha Branca de Umbanda, quando intervém nos atos da vida material, em
 
benefício desta ou daquela pessoa, agem confor­me os princípios de Allan Kardec.
 
Na Linha Branca, o castigo dos mé­diuns e adeptos que erram consciente­mente é o abandono em que os
 
deixam os protetores, expondo-os ao domínio de espíritos maus.
 
Na página 213 de O Livro dos Espíritos Allan Kardec leciona:
 
"496. O espírito, que abandona o seu protegido, que deixa de lhe fazer bem, pode fazer-lhe mal?".
 
"Os bons espíritos nunca fazem mal. Deixam que o façam aqueles que lhe tomam o lugar. Costumais então
 
lançar a conta da sorte as desgraças que vos acabrunham, quando só as sofreis por culpa vossa".
 
E adiante, na mesma página:
 
"498. Será por não poder lutar con­tra espíritos malévolos que um Espírito protetor deixa que seu protegido
 
se transvie na vida?".
 
"Não é porque não possa, mas porque não quer".
 
A divergência única entre Allan Kar­dec e a Linha Branca de Umbanda é ma­is aparente do que real.
 
Allan Kardec não acreditava na magia, e a Linha Branca acredita que a desfaz. Mas a magia tem dois pro­
 
cessos:
 
O que se baseia na ação fluídica dos espíritos, e esta não é contes­tada, mas até demonstrada por Allan
 
Kardec. O outro se fundamenta na volatilização da propriedade de certos corpos, e o glorioso mestre, ao que
 
parece, não teve oportunidade, ou tempo, de estudar esse assunto.
 
(...) ...a sua insignificante dis­cordância com a Linha Branda de Um­banda desaparece, apagada por estas
 
palavras transcritas do "Livro dos Espíritos", páginas 449-450:
 
"Que importam algumas dissidên­cias, divergências mais de forma do que de fundo? Notai que os princípios
 
funda­mentais são os mesmos por toda a parte e vos hão de unir num pensa­mento comum: o amor de Deus e
 
a prática do bem"
 
E o amor de Deus e a prática do bem são a divisa da Linha Branca de Umbanda.

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