segunda-feira, 14 de novembro de 2011

A minha tez é clara


A minha tez é clara, o meu cabelo anelado, meu nariz afinado e os quadris arredondado, a minha terra é esta .
De que lado me encontro? num corpo que traz etnias, num jeito próprio de um povo.
O meu pai dizia branco, minha mãe mulata diz, minha avó italiana, mas é a África a minha raiz.
Me identifico com o tambor, ele me chama, ele me encanta, ele me dá recados de longe, ele mensageia meus ancestrais, o tambor mexe na branca o quadril da mulata, e me deixa livre para transmutar de culturas e crença.
Como se fosse tão meu este entender de orixás e santos , me encanto com a avó de angola, com o Jorge de Roma com a brandura dos éres da praia da Barra com minha Nanã Santana, ou com uma linda vovó baiana.
Quando peço a um santo grita o meu lado europeu, quando chamo um orixá grita o meu lado Africano.
Que terra é a minha?
Que povo é o meu?
Porque amo tanto o branco, o índio ou o Africano?
O índio que mora no meu avô Laurindo, é o índio que colore a minha íris que me faz transportar para a floresta e correr nos meus sonhos para a Grécia, para os confins da minha identidade, para o início desta magia chamada miscigenação, tez pura da etnia.
Não há branco que me assuste, não há negro que me ofusque, o que me tira do sério é o brilho da lantejoula, a pena que se levanta no cocá do meu avó e no mágico tambor que deixa o meu corpo descompassado fazer o mais lindo bailado quando toca o meu pé no terreiro e o meu coração brasileiro pede maleme a Oxalá e sonha com minha Bisá escrava de Minas Gerais, trazida lá de Angola para misturar esta cor e deixa rastro de negra na branca tez de meu avó Português.

Valéria Barbosa

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