sábado, 5 de novembro de 2011

Chacras e Mediunidade - Parte 3




Despertando os Chacras - Ao contrário do que pode parecer ao observador apressado, no estudo dos chakras apresentam-se também opiniões divergentes. Isto é um fato que não pode ser esquecido a fim de evitar as "pregações" sobre chakras, quando são repetidos os ensinamentos deste ou daquele autor, como se se tratasse da palavra única e definitiva. As referências que faremos a seguir buscam destacar um pouco mais estas divergências.
Rajneesh sustenta que Kundalini não é a energia da vida, mas um dos caminhos que podem ser tomados por esta força; por isto é possível despertar a iluminação através de outros caminhos, embora Kundalini seja o mais curto. Neste caso, o Brahma-randhara (o ponto central do Sahashara), será o maior terminal (se for outro o caminho ele não será o término). Kundalini é para ele, pois, uma passagem relacionada com os chakras. Os chakras estariam no corpo etérico, de modo estático, "mortos" até que a energia penetrasse neles através da passagemda Kundalini. Essa força estaria localizada no muladhara, a que Rajneesh denomina o centro do sexo (naturalmente, como no sistema tântrico, ele une o básico ao genital). Outros caminhos seriam uti lizados pelos diversos métodos do yoga, zen, budistas, taoístas e cristãos. Seriam utilizadas outras passagens que não pertencem ao duplo etérico: as do corpo astral, do corpo mental, etc. Apesar disto, mesmo nestes métodos, pode ocorrer o surgimento de Kundalini, porque os corpos estão interligados entre si e com os sete chakras. Qualquer dos métodos pode levar a energia da vida a atingir o sahashara (vide Meditação - A Arte do Êxtase, Cultrix/Pensamento, p. 67/86).
A utilização dos chakras dar-se-ia no momento em que a passagem de Kundalini é bloqueada, porque o trabalho deles só é necessário para romper bloqueios. Se não existissem obstáculos não se perceberia, segundo Rajneesh, os chakras, porque estes existem para ajudar a ascensão da energia através de Kundalini. Assim, se ocorre um bloqueio, a Kundalini retrai-se; para evitar que ela desça, o chakra começa a trabalhar, tornando mais viva a energia, de modo a facilitar o rompimento do bloqueio.
Ao que parece, Rajneesh chama de Kundalini o Brahma nádi, localizado no interior do Sushumna, pois é exatamente por ele que a energia vital se eleva em busca dos centros superiores.
Posição distante é a de Anagarika Govinda. Afirma este Lama que não é possível concentrar-se sobre os centros mais altos sem ter adquirido o controle sobre os centros mais baixos, "como acreditam ingenuamente alguns "místicos modernos" (op. cit., p. 181). No entanto, ao explicar o sistema de Yoga budista, em que a Kundalini não é mencionada, cita ele o Yoga das Seis Doutrinas de Náropa, em que o discípulo é aconselhado a meditar nos quatro chakras superiores, formados como um guarda-sol ou rodas de uma carruagem (coronário, laríngeo, cardíaco e umbilical). No sistema do budismo tântrico, ao invés de Kundalini, o princípio que ocupa o centro de meditação é o Dákini: a Khadoma Dorje Naljorma (rdorje rna-hbyor-ma; Sânsc.: Vajra-Yogiuí).
"As Khadomas, semelhantes a todas as personalizações femininas da vidyá ou do conhecimento, têm a propriedade de intensificar, concentrar ou integrar as forças das quais elas fazem uso, até serem focalizadas num ponto incandescente, e significam a chama sagrada da inspiração que leva à iluminação. As Khadomas, que surgem como visões ou como imagens interiores produzidas conscientemente no decorrer da meditação, são, por isso, representadas como uma aura de chamas e evocadas com a sílaba-semente HÚM, o símbolo mântrico da integração. Elas são a personificação do "fogo interior" que na bibliografia de Milarepa foi chamado "sopro acalentador das Khadomas" que rodeia e protege o santo, semelhante a um "manto puro e suave". (o p. cit., p. 208).
O Swami Satyananda Saraswati, no entanto, é de opinião distinta. Sustenta ele que o praticante deve primeiro procurar ativar o ckakra frontal antes de qualquer outro, porque, segundo ele, este chakra tem o poder de dissolver o Karma, auxiliando a diminuir qualquer perigo que possa surgir quando é ativado o karma de chakras inferiores.
Aurobindo, em Bases of Yoga (trad. bras. Consciência que Vê, vol. I), ao referir-se ao método do Yoga Integral, ensina: "Não há método neste Yoga a não ser concentrar-se, de preferência, no coração, e chamar a presença e o poder da Mãe para assumir o ser e, pelas operações de sua força, transformar a consciência: você pode se concentrar também na cabeça ou entre as sobrancelhas, mas para muitos isto é uma abertura difícil demais." (P. 32).
Considerando que ninguém é tão forte para superar, por suas aspirações e vontade isoladas, os impulsos das forças da natureza mais baixa, conseguindo no máximo um domínio incompleto, recomenda Aurobindo que o indivíduo utilize aspiração e vontade para trazer para baixo a força divina, e, como isto não pode ser feito só pelo pensamento, é necessário concentrar esta aspiração no coração (vide p. 32; vide também Consciência que Vê II, p. 146). Pode também utilizar-se da aspiração, chamamento ou oração, para trazer a força divina, ou concentrar-se sobre o coração (na cabeça ou acima dela), meditando sobre a Mãe, chamando-a para dentro. Isto não quer dizer que a Kundalini não desperte; ela se ergue para encontrar a Consciência e a Força Divinas acima do indivíduo (p. 85). Adverte em Lights on Yoga (Consciência que Vê, II) que há necessidade de orientação para que as forças da natureza mais baixas não se misturem com a Força Divina que desce ou para evitar que poderes não divinos se apresentem como a Mãe divina (p. 1470). Só há segurança com o centro do coração completamente aberto e o domínio do psíquico, mas isto não é difícil. Ondas inferiores podem emergir e perturbar o trabalho (p. 1480).
No Cristianismo, o caminho da oração é exaltado na obra de Teresa de Ávila e de Juan de La Cruz. Teresa de Ávila descreve a subida através das sete moradas até atingir o castelo interior, enquanto Juan de La Cruz descreve os seis patamares. No Espiritismo, o caminho da oração e da caridade é o recomendável. É necessário, no entanto, não esquecer que as lições dos mentores espirituais se concentram sempre na necessidade de um despojamento do espírito.
A obra de Emmanuel pode ser seguida como um roteiro para o caminho espiritual, se o espírita realmente procurar executá-la ao lado da recomendação dos espíritos a Kardec sobre a auto-análise (Conhece-te a ti mesmo)diária, examinando constantemente o móvel de cada uma das ações ou inações. Se o mundo moderno não oferece as mesmas possibilidades de outrora, é possível no entanto tomá-lo e aceitá-lo como um desafio à nossa capacidade de entrega ao Senhor Jesus. O mundo tem armadilhas redobradas que estimulam as forças mais baixas de nossa natureza, em face do karma negativo que carregamos. No entanto, se centrarmos a mente e todo o nosso ser no Divino, não faltará, a nosso favor, o Auxílio Espiritual a sustentar-nos na porfia. Uma confiança e uma entrega totais ao poder de Deus e o trabalho da oração e da caridade desinteressada, são condições para o desenvolvimento espiritual. Os centros superiores irão desabrochando, porque mantemos neles todo nosso trabalho. Mas é preciso cuidar bem, porque até no último centímetro da estrada pode haver a queda.
Dizia Teresa que só na 6ª e 7ª moradas, "ligadas entre si", reina apenas o sobrenatural; nas demais, até mesmo na 5ª, era possível a contaminação com forças satânicas e instintivas. Mas, mesmo na 7ª morada, potências, sentidos e paixões não estão sempre em paz; apesar das guerras, dos trabalhos, e fadigas a alma, no entanto, está em paz (Moradas VIII, cap. II, nº 13). E como ela advertia que não se devia crer que visões, êxtases, espírito de profecia, etc., fossem sinais de perfeição, é importante recordar com os amigos espirituais que os fatos da mediunidade, por mais espetaculares que sejam, não induzem a considerar o médium um santo. Como dizia Teresa: "A santidade, bem o sei, não consiste nestes favores." (Fundaciones, IV, 8).
Quanto à caridade, uma frase de Teresa relembrará os ensinamentos espirituais que temos recebidos: "Enfim, irmãs minhas, aquilo com que quero concluir é que não façamos torres sem fundamentos, porque o Senhor não olha tanto a grandeza das obras, como o amor com que se fazem." (Moradas VII, cap. IV, nº 18).
Não podemos deixar aqui de recordar as palavras do Senhor Jesus: "Procurai em primeiro lugar o reino de Deus e sua justiça e o resto vos será acrescentado". O problema é de orientação de nossa conduta como um todo.
Alguns, com evidente engano, situam o "resto" como sendo bens materiais a serem incorporados ao patrimônio do aspirante. É certo, porém, que a assertativa tinha em vista as riquezas espirituais de que é acumulado aquele que persevera "até o fim" no caminho. O espírita deve, pois, afastar-se do caminho abissal de buscar adquirir poderes, seja qual for o método. O desenvolvimento da mediunidade não deve ser fruto de nenhum açodamento. Antes, o espírita deve dedicar-se ao auto-aperfeiçoamento. Os dons mediúnicos, quando existentes, devem ser recebidos como acréscimo de misericórdia e aumento de responsabilidade, devendo ser empregados com a única finalidade de servir.
Antes de qualquer desenvolvimento mediúnico é indispensável o treinamento moral, sem o quê a prática medúnica só resultaria em perigo e fonte de graves perturbações mentais. As práticas moralizadoras não são um fim em si mesmo. O objetivo é sempre o Reino, a união com Cristo. Sem elas, no entanto, nenhum caminho pode ser adentrado. Antes de fixar-se, mesmo intelectualmente, na questão do desenvolvimento dos chakras, o espírita deve redobrar os esforços no treinamento moral, que não deve ser confundido com as atitudes farisaicas de uma "falsa moral" ou de uma "moral da época". Deve concentrar-se ele no exame da motivação de seus atos para escoimá-los dos fundamentos do egoísmo. Isto é indispensável para o contato com seu verdadeiro guia espiritual que deverá instruí-lo na senda a percorrer.
OS PODERES PSÍQUICOS DOS CHAKRAS (Michel Coquet) - O desenvolvimento e a atividade dos centros psíquicos são responsáveis pela aquisição dos poderes de mesma natureza. Algumas palavras tornam-se, pois, necessárias em razão dos perigos que tais poderes podem criar.
Os poderes ocultos têm sido uma das grandes motivações que têm levado mais de um aspirante ao ascetismo e às práticas ocultas. O poder foi e permanece ainda um importante tema de preocupação, e não basta repetir que ele não é um fim em si mesmo ou que sua obtenção não prova, de nenhum modo, um avanço espiritual; o fato permanece atual e hoje, como outrora, numerosos aspirantes nessa senda têm sido profundamente perturbados pelos fenômenos auditivos ou visuais resultantes da prática mística.
É preciso, entretanto, reconhecer que a atração pelos poderes é uma coisa natural, não somente pelo fato de que eles são uma conseqüência da evolução, mas ainda porque eles são (ou supõe-se serem), o símbolo de uma superioridade, à qual todos nós aspiramos. Por outro lado, os poderes psíquicos e espirituais têm fortemente chocado o espírito daqueles que, ignorantes da natureza das leis colocadas em ação, os consideram conto verdadeiros milagres, o que certamente eles não são.
Todos os grandes seres do passado têm sabido utilizar e manifestar estas possibilidades psíquicas e espirituais. É necessário reconhecer, entretanto, que o fim não era o de exibir sua ciência, mas o de aplicar as leis universais do cosmo, e os poderes que eles possuíam não eram, eu o repito, mais do que a conseqüência de sua evolução espiritual e não eram utilizados mais do que como simples, porém maravilhosos instrumentos a serviço de sua missão sobre a Terra. Zoroastro, Orfreu, Gautama Buddha ou seres como Apolônio de Tiana, o mestre Phillipe de Lyon, Cagliostro, ou simplesmente os misteriosos Rosa-Cruzes, todos, sem exceção, foram detentores de uma grande sabedoria, mas igualmente de grandes poderes, demonstrando, desta maneira, que eles tinham transcendido uma parte importante de sua natureza humana. Nos casos citados acima, trata-se de poderes espirituais como expressão direta da alma, poderes que continuam a ser prerrogativa dos seres elevados. É unicamente a estes poderes que se referia o Cristo quando prometeu a seus discípulos, admirados dos milagres por ele executados, que um dia eles os fariam ainda bem maiores.
Os poderes psíquicos inferiores ou superiores constituem, segundo a opinião esclarecida dos mestres da sabedoria, obstáculos ao estado espiritual mais elevado e o simples fato de interessar-se por eles indicaria, no estudante, uma falta evidente de progresso, porque os poderes não podem ser utilizados sem perigo, senão depois ao abandono total de todo o desejo e paixão terrenos. Sendo assim, no momento em que o discípulo é capaz de pensar em termos de consciência de grupo e de viver profundamente de maneira fraterna e quase inteiramente despolarizado de si mesmo, tendo como desígnio imediato o serviço desinteressado, nesse caso unicamente, os poderes tornam-se instrumentos dóceis e úteis ao serviço projetado.
Os perigos da aquisição de poderes a serviço de seus próprios interesses tem sido claramente demonstrado por intermédio do grande yogue Milarepa que havia utilizado (alegoricamente) duas formas de poder. Pimeiramente aqueles de natureza inferior, na primeira parte de sua vida, e aqueles de natureza superior na segunda parte. Explicamos a diferença: os poderes inferiores são resultantes unicamente das forças e energias (animamundi) de todas as formas, nos três mundos e em todos os corpos, nos quatro reinos da natureza. Estes poderes são a expressão dos centros psíquicos localizados sobre o diafragma.
Os poderes superiores resultam da consciência não mais individual, mas coletiva; eles englobam os poderes interiores e colocam cada vez mais o homem em comunhão com as formas de vida que se encontram nos planos superiores da consciência (o reino dos céus). Os efeitos destes poderes superiores são chamados de diversos modos, mas exprimem, de modo justo, sua natureza, como por exemplo: percepção intuitiva, compreensão espiritual, conhecimento direto.
As tradições orientais têm arrolado, com extrema precisão, os diferentes poderes. A lista dos poderes de natureza inferior seria muito longa, por isso consignaremos somente os oito poderes de natureza superior. Aquele que dominou, de modo integral, os oito poderes superiores recebe o titulo de Siddha, mas convém ser muito prudente e circunspecto no que concerne aos adeptos cuja a vida é aquela dos Siddhas. Poucos dentre eles (sobretudo entre aqueles conhecidos na Europa) têm sabido associar um desenvolvimento espiritual paralelo.
Descrevemos agora estes oito poderes:
1) ANIMA (exigüidade). Esta é a faculdade que possui o iniciado de fazer-se tão pequeno quanto um átomo, ou, melhor dizendo, identificar-se com a essência da menor parte do universo de que é ele mesmo constituído. Segundo Leadbeater, este órgão de visão é formado de um pequeno tubo flexível de matéria etérica terminado por uma intumescência em forma de olho, e é este olho que, dilatando-se ou contraindo-se, permite ver o infinitamente grande (Mahima) ou, ao contrário, o infinitamente pequeno (Anima).
2) MAHIMA (magnitude). Este é o poder de aumentar de volume, quer dizer, de alargar o círculo de sua consciência e de alcançar a plenitude do conhecimento do infinitamente grande.
3) GARIMA (gravitação). Isto é relativo ao peso e à massa, e se aplica à lei de gravitação que é um dos aspectos da lei de atração. Um mestre japonês de artes marciais conhece bem esta técnica ao ponto de que ele pode tornar-se tão pesado que um agressor muitas vezes superior em peso e em força não poderá movê-lo nem um milímetro. Este fenômeno tem igualmente sido observado nos yogues em estado de Samadhi.
4) LAGHIMA (levitação). Esta é a possibilidade que tem o adepto de tornar-se mais leve que o ar, afastando a força de atração da Terra, e de desligar-se dele. O exemplo mais belo que foi manifestado aos homens é aquele do mestre Jesus Cristo andando sobre as águas.
5) PRAPTI (realizar o objetivo). Aquele que possui este poder tem a capacidade de atingir seus fins projetando sua consciência em todos os lugares que ele julga necessários, quer estejam sobre o plano físico ou sobre o plano cósmico. Este poder foi sempre muito utilizado pelos místicos do mundo inteiro. Este é o poder que utilizou Jesus para ensinar seus discípulos depois da crucificação: "À tarde deste mesmo dia, o primeiro da semana, estando todas as portas fechadas por temor dos judeus, no lugar onde se encontravam os discípulos, Jesus vem e coloca-se no meio deles. Ele lhe diz: "Paz seja convosco." (Evangelho de São João 20:19). Prapti desenvolve também a clarividência, clariaudiência e telepatia. Ele permite compreender a linguagem da natureza e possuir o dom das línguas , como o receberam os apóstolos de Jesus Cristo.
6) PRAKAMYA (a vontade irresistível). Este poder confere ao adepto a possibilidade de ver realizarem-se todos os seus desejos pela força da vontade divina, quando esta vontade substitui, em parte, a vontade pessoal e seus desejos estão em perfeita harmonia com o plano divino. A perfeição deste poder tem sido atingida pelo mestre Jesus, quando, no momento de beber a taça amarga, exclamou para o Pai: "Que a Tua vontade seja feita, e não a minha". Segundo Sivananda, o yogue provido deste poder é capaz de permanecer sob a água durante o tempo que ele deseje. É também este poder que permite ao yogue penetrar no corpo de um outro homem e deste modo animá-lo. É isto que fez, se bem que em um grau altamente superior, o Cristo, quando animou o seu discípulo Jesus.
7) VASITVA (o poder de comandar). É o poder de tornar-se mestre das forças elementares da natureza, utilizando o poder do som criador ou mantra. Pela palavra sagrada, as vibrações são produzidas no éter e as diversas formas podem ser produzidas. A gente se recordará da transformação da água em vinho pelo mestre Jesus, do mesmo modo que da multiplicação dos pães. Segundo os yogues, este poder permite igualmente tornar dóceis os animais selvagens, bem como exercer um ascendente sobre o espírito dos seres e das coisas.
8) ISATVA (o poder criador). Isatva se refere ao poder que tem o adepto de dispor dos elementos em suas cinco formas e de ressuscitar a vida no plano físico, como fez Jesus Cristo com Lázaro. Muitos outros mestres têm conseguido este grande poder espiritual, tais como, TomoGershè Rimpoché, Babaji, para não citar outros.
Como vamos agora constatar, cada centro desenvolve certos poderes particulares. Isto é o resultado de exercícios místicos tais como o TRATAKA, isto, é a fixação do olhar sobre um objeto. Entretanto, os poderes resultam, sobretudo, de um triângulo constituído da concentração (DHARANA), da meditação (DHYANA), e do êxtase contemplativo (SAMADHI), estado resultante da subida de Kundalini. Estes três estados são chamados de SAMYAMA. Existem, bem entendido, vias mais específicas que insistem no desenvolvimento dos centros psíquicos como o LAYA YOGA ou KUNDALINI YOGA; ambas incluídas, por outro lado, na prática das técnicas tântricas. Eis aqui, resumidamente, a qualidade dos poderes inerentes a cada centro psíquico:
1) O CHAKRA COCCÍGEO (básico) confere, segundo sua própria natureza, poderes excepcionais sobre a energia da matéria e, sobretudo, sobre seu aspecto negativo. Ele é, pois, muito perigoso para aqueles que não alcançaram uma pureza moral absoluta, pureza moral que de resto é a essência mesma de todos os ramos do Yoga. O poder de levitação, o controle mental e o do sopro, o conhecimento do passado e do futuro, o domínio do líquido seminal, tudo isso resulta da atividade normal do centro coccígeo.
2) O CHAKRA SAGRADO (genésico) - A ciência oriental explica que dois nádis ligam diretamente o centro sagrado a um outro centro secundário, o BODHAKA, localizado na abóbada palatina (céu da boca), e toda ação realizada sobre ele influencia automaticamente o outro. O centro sagrado confere o poder de controlar a energia sutil da água e de dominar os desejos do corpo. Para alcançar isto é necessário que o estudante aprenda a combater fortemente a ilusão, a aversão, a luxúria, a suspeita e a indiferença (com compaixão).
3) O CHAKRA SOLAR (umbilical ou gástrico) confere o poder de controlar toda a vida vegetativa e de colocar à vontade o corpo físico em profunda letargia. Pela atividade do centro solar, a saúde se desenvolve e se mantém. Tendo o iniciado conseguido o controle deste centro, presume-se que não mais tema o fogo. É de resto este centro que permite aos Yamabushis, ascetas japoneses, marcharem de pés descalços sobre as brasas ardentes sem sofrer qualquer dor ou queimadura. Obtém-se o domínio do centro solar pela purificação das imperfeições, como o apego, o orgulho, o ciúme, a cólera, a indolência e o medo.
4) O CHAKRA CARDÍACO dá o poder de ler o coração aberto no espírito dos outros e de conhecer todos os pensamentos. Ele confere a possibilidade de ver seus desejos e rogativas realizados. Ele permite ouvir o som sagrado no interior do coração. O fato de poder controlar o elemento ar significa que o adepto pode projetar sua consciência na direção de todas as partes do mundo, para um lugar onde uma pessoa se encontra, e operar, à distância, sem ter de deslocar seu corpo físico.
Purificando-se do egoísmo, da vaidade, da cupidez, da indecisão, desenvolvendo depois o sentido fraternal, a caridade, o amor e o discernimento, obter-se-á, sem dúvida, alguma uma atividade normal do centro cardíaco.
5) O CHAKRA LARÍNGEO confere um grande poder sobre a energia vital do espaço e sobre o controle da transição. Permite, além disso, o desenvolvimento da clariaudiência e do conhecimento do passado, do presente e do futuro. Desenvolve a memória psíquica e dá a faculdade da profecia.
6) O CHAKRA FRONTAL, confere um poder espiritual imenso: o de ser um membro da fraternidade dos homens e mulheres tornados "perfeitos". Ele destrói todo elemento de natureza kármica (negativa) e atribui ao yogue a totalidade dos oito poderes maiores e os 32 menores. É por intermédio dele que serão percebidos a "luz na cabeça", assim como o "OM" sagrado em sua mais esplêndida realidade.
7) O CHAKRA CORONÁRIO dá ao adepto a totalidade de todos os poderes, assim como o de não mais ter necessidade de operar no triplo mundo inferior dos homens. O centro coronário normalmente ativo permite ao iniciado deixar em plena consciência o invólucro físico. Além disso, este centro é frontispício da completa liberação, da aquisição de um poder divino de natureza intraduzível e inexprimível.
Convém, depois deste breve resumo, não cometer o erro de crer que só um centro permite alcançar as faculdades enumeradas, quando os poderes não funcionam senão por intermédio de muitos centros simultaneamente. Por outra parte, os efeitos engendrados no mundo fenomenal não oferecem mais que um valor relativo e limitado se se acredita nas afirmações dos maiores mestres, cujo único fim era a reintegração final no seio da divindade. Assim, por conseguinte, antes de prestar atenção excessiva sobre a obtenção dos poderes psíquicos, não esqueçamos as sábias palavras do Senhor Cristo: "Buscai antes o reino de Deus e a sua justiça e tudo o mais vos será dado de acréscimo". (Les Çakras: L'anotomic occulte de 1'homme de M. Coquet. Paris, Dervy-livres, 1982).
OS CHAKRAS MENORES (Michel Coquet)- Os chakras menores são algumas vezes mencionados nos textos sagrados dos hindus. Contudo, eles oferecem muito pouco interesse, salvo aqueles que estão em estreita relação com o cérebro e aos quais fazem algumas vezes alusão certos autores: "O Lalanâ chakra, em frente da úvula, com doze pétalas (ou lobos), região que se supõe associada à produção dos sentimentos e das afeições ego-altruístas, como o amor próprio, o orgulho, a afeição, a cólera, o pesar, a veneração, o contentamento, etc.".
O iniciado se concentra sobre este centro no momento em que visualiza seu instrutor para solicitar-lhe conhecimentos diversos. O centro Lalanâ é responsável pelos doze pares de nervos cranianos que partem do cérebro para terminar nos diferentes órgãos dos sentidos.
"O Mana chakra, o sensório, com seis lobos (cinco sensórios especiais para as sensações de origem periférica, e um sensório comum para as sensações de origem central, como nos sonhos e nas alucinações".
Considera-se geralmente que o Mana chakra é fisicamente exteriorizado pelo cerebelo. É também a partir destas pétalas que nascem as sensações dos cinco sentidos.
"O Soma chakra, gânglio com dezesseis lobos, compreendendo os centros do cérebro, acima do sensório; sede dos sentimentos altruístas e do controle da vontade, da compaixão, da bondade, da paciência, da renúncia, da determinação, da magnanimidade, etc."
Dizem os yogues que é neste centro que pode ser contemplada a bem-aventurança do glorioso Ishvara (Ishvara corresponde ao segundo aspecto da trindade cristã, isto é, ao Filho, ao Cristo manifestado; Ishvara é também Aum, a palavra sagrada; é "o Cristo em nós, a esperança e a glória"). (Arthur Avalon, La puissance du serpent, Dervy-Livre).
CHAKRAS MENORES (Mircea Eliade) – "Existem, além disso, outros chakras, menos importantes. Assim, entre o muladhara e o swadhisthana, encontra-se o Yonisthana: lugar de reunião de Shiva e Shakti, lugar de beatitude também chamado (como o muladhara) Kamarupa. É a fonte do desejo e, no nível carnal, uma antecipação da união Shiva-Shakti que finaliza no Sahasrara. Muito perto do Ajna chakra encontra-se o Mana chakra e o Soma chakra, relacionados com as funções intelectivas e certas experiências yogues. Perto do Ajna chakra encontra-se igualmente o Karana-rupa, assen to das "sete formas causais", das quais se diz que produzem e constituem o corpo "sutil" e o corpo "físico". Finalmente, outros textos se referem a certo número de Adhara (= suporte, receptáculo), situados entre os chakras ou identificados com eles.
CHAKRAS MENORES (A. A. Bailey - La Guérison Esotérique) - Segundo Alice A. Bailey, os centros menores, em que os nádis se cruzam 14 vezes, são em número de 21, assim dispostos:
Ø dois em frente às orelhas, próximo da articulação do maxilar;
Ø dois justamente acima dos peitos (nos mamilos);
Ø um na junção das clavículas, próximo da glândula tireóide. Com os dois centros dos peitos, eles formam um triângulo de força;
Ø dois, um em cada palma da mão;
Ø dois, um em cada planta do pé;
Ø dois, bem atrás dos olhos;
Ø dois em ligação com as gônadas;
Ø um próximo ao fígado;
Ø um em conexão com o estômago; está, pois, ligado ao plexo solar,
mas sem lhe ser identificado;
Ø dois em conexão com o baço, os quais não formam, em realidade, mais que um
centro, composto, porém, de dois centros superpostos;
Ø dois, um na cavidade de cada joelho;
Ø um centro extremamente poderoso em conexão estreita com o nervo vago.
Certas escolas esotéricas o consideram como um centro maior. Ele não está na espinha dorsal, mas não está muito distante do timo;
Ø um centro próximo do plexo solar. Ele liga este último ao centro
básico e forma, assim, um triângulo.
O CHAKRA ALTA-MAIOR - "O centro cefálico alta-maior é exteriorizado ficom à medula alongada, achando-se no bulbo raquidiano, colocado mais exatamente no cume da medula oblongada.
"Poucas coisas podem ser ditas sobre este centro que não está ativo, salvo nos altos iniciados e adeptos da sabedoria. Nos seres avançados, o cérebro tornou-se um transmissor ou um receptor perfeito da energia da vida. Para este efeito, o cérebro utiliza a glândula carótida governada pelo centro psíquico alta-maior, estabelecendo, assim, uma relação muito estreita com o coração e o centro coronário. As glândulas carótida, pituitária e pineal condicionam tudo, particularmente a substância cervical. Este triângulo está inteiramente unido no adepto. Pelo contrário, a glândula tireóide substitui a carótida no discípulo, o que afeta, sobretudo, o desenvolvimento do intelecto e, pois, da matéria mental. Entretanto, quando o cérebro é utilizado como um transmissor de energia da vida, é a glândula carótida go vernada por alta-maior, à qual diz respeito, e quando ele torna-se um receptor de energia mental é o centro Ajna que se torna o agente.
"A tradição oriental indica que quando um homem tornou-se um adepto, tendo unificado sua personalidade e a alma, somente neste momento lhe é possível agir sobre a energia para despertar o fogo kundalini que dorme nas profundezas das vértebras sagradas. Deste modo, a energia projetada para baixo deve passar por alta-maior, descer ao longo da medula espinhal e unir-se às duas correntes em expectação. A reelevação unificada destas três forças determinará, então, a abertura e atividade de todos os centros, deste modo: o canal central unido ao centro coronário e os dois outros canais unidos, um ao Ajna, o outro ao alta-maior".(Michel Coquet, Les Çakras – L'anatomic occulte de l'home, Dervy-Livres, pp. 117/118.)
BINDU VISARGHA (= queda da gota)- O bindu, (gota ou ponto), é um centro menor localizado na parte superior do cérebro, na direção da parte posterior da cabeça. Ali se encontra uma leve depressão ou fossa, dentro da qual existe uma pequena elevação, local exato do bindu, na estrutura fisiológica.
Tanto o bindu, quanto o lalanâ, estão conectados com o centro laríngeo. Os chakras menores, em geral, ao contrário dos sete maiores, não são chamados de "chakras de despertamento", mas, encontrando-se ligados a esses, seu despertar dá-se conjuntamente.
O funcionamento harmonioso desses três chakras proporciona ao indivíduo a
capacidade de subsistir longo tempo sem água, alimento ou ar. O bindu reduz,
inclusive, o metabolismo do corpo, fato comprovado pela falta de crescimento
de cabelo nos yogues em estado de hibernação voluntária. O dr. Motoyama
comprovou experimentalmente que, quando o centro laríngeo está desperto e em
conexão com o bindu e o lalanâ, é possível o controle consciente do
metabolismo da respiração, da ingestão de alimentos, da digestão, etc.
O bindu, segundo Satyananda, controlaria a percepção visual, de modo que uma anormalidade no bindu conduziria a uma doença ótica.
O bindu não é idêntico aos chakras. Seu símbolo é a lua cheia ou a luz crescente (resumo das lições de Satyananda In Theories of the Chakras: bridge to Higher Consciousnes de Hiroshi Motoyama, Wheaton (EUA), The Theosophical Publishing House, 1981).
FACULDADES ESPIRITUAIS (pelo espírito White Eagle) - No começo da criação você permanecia no coração do Logos. Toda a verdade jaz nesse pensamento simples e fundamental. Quando você respirou como encarnado, quando você partiu do coração de Deus e achou que possuía o livre arbítrio, você o usou como uma criança desobediente. Como resultado, você caiu na lama do sofrimento. Ali, na verdade, você sofreu e ainda está sofrendo. Contudo, você nunca se desfez completamente de seu contato com o coração de Deus.
Se você quer progredir em direção ao coração dos mistérios do Cosmos, seu caminho consiste na meditação e na realização do silêncio, da pequena voz, do Deus interior, porque todos os mistérios da eternidade jazem dentro de seu coração. Nenhum livro pode ensinar-lhe, embora em livros possa ser encontrado estímulo mental. A sabedoria chega através do coração. Por conseguinte, "Esteja em silêncio e conheça que eu sou Deus".
Assim, para conhecer Deus, você deve aprender a viver mais abundantemente, você deve saber saborear a vida na sua plenitude, porque quem pode aprender mais de Deus que aquele que permanece isolado de sua espécie?
Necessita-se de um Deus para conhecer um Deus e o homem que pode testemunhar as condições humanas sórdidas e mesmo terríveis, que pode sentir com aqueles que suportam tais condições e penetrar em seu sofrimento, o homem que vê nas pessoas mais depravadas alguma coisa de louvável e humano, que pode ver Deus nos piores de nós, chega perto da compreensão dos mistérios da criação.
Assim, embora possa parecer difícil à primeira vista, nós sugerimos que você participe das alegrias e tristezas de seus companheiros, e, embora mantendo seu próprio equilíbrio, chore quando eles chorarem, sorria quando eles sorrirem, seja um com eles. Você ficará espantado com o que eles têm para lhe ensinar. Não recue deste contato com a humanidade, mas experimente ver a beleza debaixo da vulgaridade e da crueza. Você deve ser um com a vida humana e nunca conservar-se afastado dela. Viva a vida com seus Irmãos.
VOCÊ ESCOLHE SUA VIDA - Algumas pessoas pensam que têm de suportar perturbações tais como as do seu quinhão. Elas sentem que, se elas estivessem em circunstâncias diferentes, liberdade, mais lazer, quantos bens poderiam executar. Elas registram, com tristeza, quanto seus vizinhos, abençoados com a riqueza e conforto que eles invejam, parecem ignorar ou negligenciar as necessidades de seus companheiros.
Crianças queridas, sua vida é governada pela lei, e vocês acham-se exatamente no lugar e nas circunstâncias que vocês escolheram. "Mas isto é um disparate", você dirá. "Eu nunca teria escolhido esta vida!" Isto é discurso do eu exterior, a mente mortal. O eu real, o divino espírito interno, conhece as necessidades de sua alma. Pense neste impulso divino como uma luz radiante sempre guiando sua alma no caminho. Nenhum momento de seu tempo necessita ser desperdiçado, ou dissipado. A finalidade total de sua vida e o desígnio atrás de cada experiência humana é o progresso e o desenvolvimento de sua alma. Se você examinar embaixo da superfície da experiência em busca de sabedoria e conhecimento, você acelerará este processo de crescimento e desenvolvimento. Não é o que está acontecendo nos planos exteriores ; não são nem as circunstâncias nem as riquezas que você possa ou não ter que importam, mas somente sua reação interior àquelas circunstâncias, seu relacionamento de dentro para com seu próximo e para com Deus. As circunstâncias de sua vida são verdadeiramente uma forma de iniciação através pela qual você está passando diariamente.
Na atualidade um grande auxílio está sendo enviado ao homem. O espírito humano está sendo estimulado por um afluxo de poder e luz e amor do mundo espiritual. Um grande ímpeto varre a humanidade. Alguns têm experimentado a iniciação e sabem que ela traz uma expansão de consciência e fornece uma visão do futuro e o desejo de viver de tal modo que o indivíduo se torne harmonizado com o espírito, de modo que a alma possa mais rapidamente penetrar no reino dos céus.
Entretanto, a média da humanidade permanece ainda inconsciente dos mundos espirituais que interpenetram a vida física. Uma pesada cortina obscurece a visão do homem de modo que, incapaz de registrar o espiritual, ele é consciente apenas das coisas que pode perceber através dos sentidos físicos.
CLARIVIDÊNCIA - O homem permanece, como era, aprisionado no corpo físico. Existem, porém, estados de vida, no interior do físico, mais sutis e refinados. No nosso ser sêxtuplo - como já temos explanado - está o corpo etérico, que é uma duplicata, em aparência, do corpo físico, mas formado de substância mais sutil, invisível à visão física. Este duplo etérico submerge ou interpenetra a totalidade do corpo físico. O corpo etérico consiste de duas partes, uma mais grosseira e uma mais sutil, e opera através do sistema nervoso. Com a morte, a totalidade do corpo etérico é retirada, e a substância da parte mais grosseira, assemelhando-se muito à matéria, logo se desintegra como se desintegra o corpo físico.
Durante a vida física, este duplo etérico forma a ponte entre a alma do homem e os mundos mais sutis. Através desta ponte e via sistema nervoso e dos corpos mental e vital do médium, a alma no mundo espiritual se comunica com a Terra. O tipo de mensagem que chega depende, em grande parte, do caráter do médium, das circunstâncias de sua vida (dele ou dela), das condições proporcionadas pelo médium, e das condições física e mental do assistente a quem a mensagem é endereçada.
Interpenetrando o corpo etérico denso existe um veículo etérico mais sutil, que eu chamarei de corpo de luz ou corpo vital, que não somente interpenetra os corpos físico e etérico mais baixo, mas também os veículos mais altos: os corpos mental, intuicional e celestial. Há, assim, um elo entre cada um dos corpos, pelo qual a luz espiritual do divino pode crescer, através desses vários corpos, até alcançar o corpo etérico mais grosseiro, que liga tudo ao cérebro e ao sistema nervoso.
Quando falamos de clarividência, referimo-nos àquele tipo de visão que é mais comum. Existe muito equívoco acerca da natureza da clarividência. Em algumas pessoas, o corpo etérico mais denso pode estar ligado apenas frouxamente ao corpo físico e sairá com muita facilidade. O plano etérico jaz tão perto da Terra que para uma pessoa desencarnada ele aparece quase tão denso e pesado como a própria substância física. O etérico mais baixo registra quadros e reflete-os para a Terra. Algumas pessoas (que podem ser descritas como clarividentes involuntários) podem ver essas formas ou quadros do modo que eles são refletidos no centro do plexo solar. Animais também podem algumas vezes ver deste modo. Em passado distante, antes que o homem adquirisse tal contato íntimo com a substância física densa, a visão involuntária , tal como esta, era comum.
O corpo físico do homem médio não é muito receptivo a influências espirituais. No homem normal, o corpo etérico solta-se com um clique, por assim dizer, ficando o homem, daí por diante, inconsciente de sua presença.
Mas, como nós temos dito, há certas pessoas que possuem um corpo etérico frouxo, que pode sair do físico de modo muito fácil, e resultam então perturbações tais como uma descontrolada clarividência e obsessão. Há uma enorme diferença entre esta clarividência no plano etérico mais baixo e um outro tipo, que resulta do treinamento e uso correto dos centros psíquicos ou chakras no corpo etérico.
Eu descreverei a diferença deste modo: fique à margem de um lago muito tranqüilo e veja o reflexo das árvores e do céu na água. Como é belo o efeito! Mas se o lago se tornasse agitado, este reflexo seria prejudicado. Depois, tudo era somente um reflexo, um símbolo, um jogo de luz e cor. Agora, dirija sua visão para a verdadeira paisagem, as árvores verdadeiras e o céu, e verá algo que é constante, evidente e, para os seus sentidos, real. Esta é a diferença entre a clarividência involuntária, que é um registro pelo corpo etérico mais baixo, usualmente não controlado e sem desenvolvimento, e a clarividência inteligente e treinada que recebe luz ou impulso do plano do espírito divino.
Certas drogas podem desligar o corpo etérico do físico. Um inebriante fará o mesmo, mandando o etérico algumas vezes para um lugar muito infeliz, como é o caso de alguns infortunados sofredores do delirium tremens, quando na realidade seu corpo etérico está registrando todas as visões e condições de algum baixo plano astral. Um anestésico também pode fazer sair o corpo etérico. Algumas vezes sua consciência está ativa, mas freqüentemente permanece inativa e não transmite cousa alguma à memória do paciente em seu retorno.
Há uma conexão entre o corpo etérico e alguns dos principais centros psíquicos, na cabeça, na garganta, no coração, no baço, no plexo solar e na base da espinha. Os estudantes de medicina reconhecerão estes centros como pontos focais do sistema nervoso. Estes centros, por sua vez, são conectados com diferentes esferas ou planos da vida espiritual. Eles são como flores com pétalas: quando você começa a desenvolver a consciência espiritual, estes centros, quais flores, (flowerlike) começam a se desenvolver. Eles giram, possuem vida e luz e projetam belas cores. Seus guias e auxiliares reconhecem imediatamente sua posição no caminho evolutivo pela vibração e luz e poder que eles podem visualizar nestes centros.
Alguns de vocês despertaram os centros psíquicos numa reencarnação anterior e, agora que reencarnaram, estes centros projetam luz que pode afrouxar a estrutura do corpo etérico e ocasionar o que é descrito como um médium "natural" ou clarividente "natural". O verdadeiro clarividente, entretanto, é alguém que trouxe do passado o conhecimento de como utilizarde forma inteligente estes centros do corpo, e pode freqüentemente, desse modo, cumprir grande trabalho.
Nós esperamos que vocês não queiram todos de uma vez começar a tentar desenvolver estes centros! Para fazer isso vocês necessitam de muito mais conhecimento do que nós lhes estamos dando agora. Os centros começam a irradiar quando a vontade e a inteligência os estão dirigindo para a atividade. Usualmente, o centro que primeiro reage para as coisas que e encontram fora do corpo físico é aquele situado no plexo solar.
Você diz: "Eu não posso ver ou ouvir, mas eu sinto". Se você se esforçar para analisar como você "sente", não saberá. Mas se, cuidadosamente, examinar o que aconteceu, você descobrirá que o plexo solar experimentou um sentimento "esquisito", e assim você "percebe" que sentiu.
O próximo é o centro frontal, algumas vezes denominado o Terceiro Olho, mas que nós denominaremos aqui o chakra frontal. Este pode operar de forma metódica sob a direção da vontade o do eu espiritual, e permitirá ao médium tornar-se conhecedor das esferas espirituais. A verdadeira clarividência não é aquela visão que sugere que você vê alguma coisa com o olho físico. A clarividência repousa dentro do próprio ser. Pode parecer que você está olhando algum objeto no exterior, mas, no momento, você está examinando profundamente este centro ou chakra qual flor (flowerlike) dentro de si. Entretanto, você pode ser clarividente com seus olhos fechados. De fato, você verá melhor assim. Você dirá, sim, mas tudo aquilo pode ser somente imaginação! Imaginação é um termo usado muito livre mente. Imaginação é a porta para a verdadeira visão espiritual.
Não pense que os plexos frontal e solar são os únicos centros utilizados, porque quando você entrar em contato com o plano intuicional ou celestial, você verá não só com o frontal, mas com outros centros: na verdade, todo o ser vê. Quando você alcança este plano, você registra ou reflete verdadeiramente os planos espirituais. Através do amor divino, o centro cardíaco começa a pulsar e irradiar as mais belas cores e luzes e então você se torna consciente da verdade divina, e torna-se um médium ou canal da pura verdade.
CLARIAUDIÊNCIA - Cada pessoa pode, pelo treinamento, tornar-se clariaudiente até
certo ponto, pelo menos. A clariaudiência está governada por regras semelhantes àquelas esboçadas para a clarividência.
Nos recém-nascidos, a audição é o primeiro sentido adquirido, depois o tato, em seguida a visão. Observe isto, porque tem relação com o desenvolvimento espiritual. Há um velho dito hermético que diz: "Tal como em cima, tal é embaixo; assim como é embaixo, tal é em cima" e a experiência ensina-nos a verdade disto em ambos os sentidos, esotérico e exotérico.
Muitos pensam que se eles ouvem o que é conhecido nos círculos espiritualistas como voz direta, eles estão obtendo uma mensagem clara e pura dos seus amados no mundo espiritual, porque nenhum instrumento humano é utilizado. Mas isto não é assim, pois a voz percebida pelo assistente, embora aparentemente não tenha conexão com o físico, é de fato produzida pela garganta e órgão vocais etéricos do médium. Assim, a voz direta, embora percebida por um sentido físico e aparentemente não relacionada com os órgãos da fala, necessita do corpo etérico do médium, a fim de produzir som, e pode, dessa forma, ser matizada pela mentalidade do médium.
Nesses casos, o centro laríngeo do médium é utilizado. Este centro está imediatamente relacionado com a clariaudiência. Você pode testar quando estiver meditando. Concentre-se no seu centro laríngeo e você se surpreenderá escutando, e quando tiver aprendido o poder do silêncio, a quietude do espírito, ficará maravilhado em descobrir que sua audição espiritual se intensificou.
À parte da clariaudiência do tipo etérico já aludida, consideremos a clariaudiência espiritual, o poder de ser receptivo aos sons sagrados ou vibrações do mundo do espírito puro. Todos podem se tornar receptivos à voz do espírito puro. Ela fala como pequenina e tranqüila voz interior, a voz da consciência.
Vocês não acham estranho que embora vocês todos almejem ouvir a voz do espírito, provavelmente a última coisa que querem ouvir é a voz da consciência? Vocês, com muitas desculpas, silenciam-na, mas, amadas crianças, em escutar essa voz se fundamenta o caminho verdadeiro para a clariaudiência, ou "claro ouvir".
Quanto mais severos vocês sejam consigo, com o eu exterior, a mente externa, subjugando a personalidade de modo a que a voz interior ou a voz da consciência possa ser ouvida, mais rapidamente vocês progredirão à clariaudiência.
Vocês poderiam se considerar como uma caixa de ressonância capaz de responder às vibrações dos mundos elevados. A mente pode interpretar o som de dentro do silêncio, que vem a vocês do mundo do espírito puro, e do mundo astral elevado. O primeiro passo é aprender a escutar. Não tema, ignore ou silencie aquela voz interior. Admita-a, receba-a com alegria. Admita-a mesmo quando ela lhe diga que você está errado. Seja grato ao fato de que você possa reconhecer a voz da consciência, pois através dela você desenvolverá uma caixa de ressonância tão genuína que ouvirá os anjos cantarem!
As coisas espirituais podem ser ouvidas com os ouvidos físicos? – vocês perguntam. Nós dizemos: vocês ouvirão dentro de suas gargantas e de suas cabeças. É difícil comunicar o que querermos dizer, mas a voz, os sons, as harmonias tornar-se-ão eventualmente mais definidos até que os sons do plano físico. É possível para vocês, quando ainda na carne, serem tão elevados em consciência de modo a ouvirem claramente as melodias dos planos mais elevados e, enquanto estiverem nesse estado, estarem surdos aos ruídos no plano físico.
Pode lhes interessar saber que os pensamentos podem ser, de fato, ouvidos, porque eles geram uma vibração no plano mental da vida. No mundo oculto, em todos os graus do plano astral, um pensamento produzido será captado instantaneamente pelo auxiliar do discípulo determinado. Um pensamento seu para o seu guia será verdadeiramente ouvido.
PAZ ESPIRITUAL - Vocês concebem o balbucio terrível no plano etérico, tão próximo ao físico? Imaginem sintonizar seu aparelho de rádio e captar do éter cerca de uma vintena de estações ao mesmo tempo! Vocês podem imaginar a confusão? Os pensamentos da humanidade criam barulho - barulho, e não som. Somente nos planos espirituais de harmonia podemos chamar as vibrações de som, ou música. Então, imaginem ultrapassar esse balbucio inarmônico, rude e confuso, e ir para cima, em direção aos planos da vida espiritual, cada um mais harmonioso e delicado, até que atinjamos as verdadeiras esferas de harmonia. Nesses planos, há música na atmosfera. O próprio vestuário dos habitantes vibra harmonia e melodia.
Vocês podem apreciar a beleza em algum pequeno grau? Vocês podem adquirir o poder de sintonizar com aquela orquestra divina. Mas esse não é simplesmente um dom físico, é um dom da alma; está dentro de vocês. Vocês podem adquirir o poder de ouvir com maior clareza e correção do que é possível no plano físico. Mas, primeiramente, deve haver harmonia, deve haver pureza, deve haver amor interno.
Vocês estão sempre envolvidos pela emanação espiritual, pela força espiritual que se irradia da aura do Cristo, que veio do Deus Pai-Mãe para proteger, purificar e iluminar o caminho para todas as crianças de Deus. Vocês não podem permanecer fora dessa vida do Filho, o Cristo. Enquanto a humanidade se contorce em agonia, enquanto almas sombrias infligem sofrimento e almas ignorantes sofrem, recordem-se sempre que vocês são um canal através do qual Cristo pode atingir outros e iluminar a escuridão deles.
Isso jamais será alcançado apenas através da oração, mas somente pelo fortalecimento do seu espírito, pelo crescimento da mente divina em vocês, pela radiação de boa vontade e paz do seu coração. Não é meramente uma crença em que a guerra é terminantemente errada, mas uma paz, que pode lhes guiar durante o dia placidamente, até alegremente, uma paz que permanece imperturbável no meio do conflito físico, exatamente como o Mestre ensinou através do assim denominado milagre em que acalmou a tempestade. O Mar da Galiléia representa o corpo da alma agitado pelos elementos exteriores. O Mestre, adormecido no barco, ou no coração (do ser) do homem, levanta-se e aquieta a tempestade, pois não é Ele o Mestre, o comandante? Ele é paz.
É isso que queremos dizer com o serem pacíficos, viverem em paz. Vocês necessitam de uma realização contínua de seu relacionamento com Cristo, com o Deus Pai-Mãe. Sintam a paz que os anjos de Cristo trazem. Não pensem em paz como uma condição puramente negativa, pois as profundezas da paz contêm as forças criativas do universo, e as palavras do som poderoso do silêncio. A paz é dinâmica tanto quanto o amor e a sabedoria são dinâmicos: todos esses atributos espirituais estão impregnados com poder, um poder inatingível sem quietude da mente e da alma.
(In Spiritual Unfoldment I do espírito White Eagle pela médium Grace Cooke, iss, Inglaterra), The White Eagle Publishing Trust, 1972).

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