segunda-feira, 14 de novembro de 2011

A voz da noite





A voz da noite grita segredos na madrugada
usa mil tons, circundam estrelas, berra no ar,
suaviza o timbre da sua risada, me arrepia,
ao mesmo tempo da gargalhadas me contagia.

A voz da noite hora cala, noutra sussurra,
diz coisa feia, coisa bonita, é criatura,
tem grande embalo pra aquecer o coração
tem caras feias que amedrontam a criação.
A voz da noite hermafrodita por natureza,
não tem idade, o seu valor está no tom
tem gata em cio que ao miar parece quente
tem galo rouco que ao cantar acorda a gente.
A voz da noite tem sons que andam,
tem seu balanço, tem estridentes risos de adolescentes
tem nostalgia de malandragem de antigamente
mesmo sinistra na madrugada encanta a mente.
A voz da noite não deve nunca calar seu canto
preciso dela pra dar o tom pro meu poema
Quero-a mais fêmea , dando risada, dançando
juntando trapos, formando historias em cada canto.
A voz da noite é uma colcha, é Mulambo
junta cada peça colorida da sua vida
costurando seu disfarce, levando ao resgate
amarrando vai cantando a coragem
não se cala agora é fêmea não é biscate

Valéria Barbosa

Nenhum comentário:

Postar um comentário