quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Água de Iemanjá



Retirado do blog da minha amiga, ouvinte e colaboradora
Angela (@luzesesonhos )
http://luzesesonhos.blogspot.com

Com o final do ano se aproximando, se aproxima também o encerramento dos trabalhos no terreiro, e todo ano é a mesma coisa: férias "forçadas" que nos deixam "órfãos" de orixás e entidades, temporariamente, claro!
Não sei se no terreiro de vocês é assim também, mas o nosso faz o encerramento mais ou menos na 2ª quinzena de dezembro e só retorna aos trabalhos na 2ª quinzena de janeiro, ou seja, um mês sem trabalhos espirituais.

Exatamente uma semana após a festa de Iemanjá, fazemos nosso encerramento na praia, onde damos passagem para, além de todos os orixás, praticamente todas as entidades.
O fim do ano me passa, em relação aos trabalhos espirituais, uma sensação de término muito triste, saudosa, como se algo estivesse se rompendo, se fechando. Sei que é apenas impressão, visto no novo ano tudo recomeçar, e sempre melhor.
Na parte humana, o final do ano também traz a sensação de um ciclo se fechando, impressão de coisas boas surgindo, novas possibilidades, novas promessas, uma nova pessoa nascendo dentro de nós...
Navegando na internet certa vez li uma matéria que, infelizmente agora não vou me lembrar de qual site para poder citar, dizia que no final do ano as pessoas fazem rituais, ditos umbandistas, sem saber que são. Vou mais além: no final do ano o Brasil inteiro, quiçá o mundo inteiro, se torna Umbandista! É um tal de vestir-se de branco, pular sete ondas, jogar flores ao mar, acender velas, sem saber ao certo o que estão fazendo. Vou dizer: estão saudando minha Mãe Iemanjá e pedindo a ela toda proteção e axé para o novo ano que está chegando.
Iemanjá, Mãe de todos os orixás, se torna na virada do ano a santa de devoção de todos que passam o reveillon na praia. Ela abraça todos seus filhos, independente da época do ano e independente de qual religião sigam.
Umbandista ou não, os rituais feitos na praia na virada do ano têm todos o mesmo objetivo: saúde, paz, prosperidade e amor, que é o que todos queremos.
Curioso saber que esses rituais de passagem fazem parte da cultura de nosso país, dito católico, e muitos não abrem mão, em hipótese algumas de fazê-los, sob a ameaça psicológica de ter um ano ruim. (obs.: como se Iemanjá fosse castigar aqueles que não levarem flores ao seu mar, rs,rs!!!)
Como diz a letra da música Gandaia das ondas/ Pedra e areia do Lenine: "É bonito se ver na beira da praia, a gandaia das ondas que o barco balança. Batendo na areia, molhando os cocares dos coqueiros, como guerreiros na dança. Quem não viu, vá ver, a onda do mar crescer..."
Ano novo, vida nova, rituais antigos... Mas a fé deve ser renovada, sempre!
Banha seus filhos, minha Mãe...
Odoyá, Iemanjá.
Odoyá...
Água de Iemanjá que lava nossas doenças, nossas intrigas, nossos desgostos.
Água de Iemanjá que banha nossos sonhos, nossas conquistas, nosso prazer.
Prazer de viver, de ter fé... de ter fé no seu mar.
Mar que me carrega para seu infinito
Infinito banhado de amor e paz
Água de Iemanjá, silenciosa,
Que me traz a paz quando me entrego a ela.
Amor pelas águas de minha Mãe que nem as mais doces palavras poderão descrever
Mar de minha Mãe, personagem de tantos romances, enredos e canções
Mar dos apaixonados, dos amores e dos amantes, e também dos desesperados
Mar que abraça as coisas boas e ruins que nascem dentro de nós
Mar que todos os anos banha seus filhos
Que independente de crerem ou não
Não iniciam o novo ciclo sem o axé de nossa Mãe,
Como se precisassem de sua benção para recomeçar...
Texto: Água de Iemanjá

Autoria: Angela

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