sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Indignação?



Indignação?
Não.
Indignação sentirei
quando de onde estiver
em algum outro plano 
observar que meus descendentes 
não sentem o cheiro das rosas
não ouvem o canto dos pássaros
não enxergam o brilho da lua.

Indignação ?
Não.
Indignação sentirei
quando de onde estiver
em algum outro plano
observar que meus descendentes
Não sabem o que é subir em uma árvore
aliás, não sabem o que é árvore.
Não andam de pés descalços
pois, o calor do asfalto
queimam os seus delicados pés civilizados

Indignação?
Não.
Indignação sentirei
quando de onde estiver
em algum outro plano
observar que meus descendentes
Não tomam banhos em cachoeiras
Cachoeiras?
Não existem mais.
Não pisam mais na terra.
Terra?
Também deixou de existir.

Indignação?
Não.
Indignação sentirei
quando de onde estiver
em algum outro plano
observar que meus descendentes
são pálidas criaturas
enclausuradas entre quatro paredes
escravos da tecnologia
que não conhecem 
o carinho do colo da mãe
que não conhecem
o passeio no parque ou 
o final de semana na praia.

Indignação?
Não.
Indignação sentirei
quando estiver em algum outro plano
e perceber que nada fiz por meus descendentes
que compactuei com a destruição dos rios e das matas
que nada fiz para que meus descendentes
tivessem uma vida digna e saudável.
Aí sim, me sentirei indignada.

Texto de Mara Tozatto Morelli

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