sexta-feira, 11 de novembro de 2011

A Verdadeira Fortuna


Texto retirado do blog da minha amiga, ouvinte e colaboradora Cristina Arante. http://atabaque26.wordpress.com

Era a segunda noite que a insônia indesejável me fazia companhia, e para passar as horas, ler um livro ou assistir a TV, são opções a considerar. Naquela quarta-feira chuvosa, minha escolha foi a telinha, e navegar pelos muitos canais disponíveis em busca de algo que valesse a pena ver. Em outro momento talvez eu seria mais tolerante, mas naquela noite de vigília imposta, eu estava muito irritado. Lá pelas tantas, percebi que o Sr. Zé Pilintra estava sentado no outro extremo do sofá, e como sempre calmo, de pernas cruzadas curtia uma cigarrilha pendurada no canto da boca.
– Saravá meu paizinho, disse eu com a voz rouca...

Depois dele sorrir e gesticular, eu prossegui:
– Veja que coisa absurda meu paizinho...
– Onze canais estão ocupados por religiosos! Mudei rapidamente de canal e apontei o dedo para a TV:
– Veja este cara paizinho! Está pedindo grana discaradamente!
– Será que ninguém vê isso acontecendo!!! Que absurdo! Como fica isso???
Ele levanta os olhos para o teto, faz vários círculos de fumaça e continuou:
O ouro é sem dúvida a maior provação a que se pode submeter o homem.
A convivência com o dinheiro causa imensa preocupação naqueles que estão voltando a terra, pois sabem eles o poder que tem o dinheiro de comprometer toda uma evolução.
Por mais preparados que estejam os irmãos encarnados, não resistem muitos, aos encantos do dinheiro, e percorrem toda existência na carne, escravos do ouro. Enfeitiçados, esquecem dos compromissos de outrora, e cegos pela ganância, sem pudor e sem receio de se expor, lançam mão de todo tipo de artimanhas para conseguir acumular fortuna. Não quero com este depoimento dizer que não devas progredir e adquirir posses, mas afirmo que deveria o dinheiro, ganho de forma honesta, ser apenas mais um instrumento para o exercício da caridade e para o seu crescimento como filho de Deus.
Chegará o dia em que estarás de frente ao juiz celestial. Nada além de suas vestes terás, e Ele terá nas mãos uma lista de todas as suas obras, a qual representará a verdadeira fortuna acumulada por você ao longo da vida. Para aqueles que tiveram uma existência ofuscada pelo brilho do ouro, a lista estará em branco e nada mais restará senão retornar e começar tudo de novo.
– Mas... paizinho... e aquelas pessoas que doam parte de seus ganhos, passam dificuldades, e muitas vezes são enganadas???
Ele se levanta, dá um tapinha nos meus ombros e diz:
– Maninho... a responsabilidade maior é de quem toma, e não de quem doa...
Em seguida Ele foi embora, e o sono finalmente se apresentou...
Axé meu Pai Zé Pilintra!

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